Exposição sobre línguas indígenas retrata a diversidade e diferentes cosmovisões sobre o mundo existentes nos territórios hoje denominados América.

Visitamos no Museu da Língua Portuguesa em São Paulo, Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação, exposição que marcou o início da  Década Internacional das Línguas Indígenas 2022-2032 no Brasil, organizada por  indígenas  com a curadoria de Daiara Tukano em cooperação com a UNESCO.

A exposição conta com trabalhos de grandes artistas indígenas como Denilson Baniwa, Daiara Tukano, Jaider Esbell, vídeos com falas de Davi Kopenawa, Ailton Krenak, além de artefatos como um tambor Trocano, tradicional do povo Tukano, dentre uma série de outras fotografias e quadros. 

Chama atenção a grande diversidade de famílias linguísticas mapeadas. Famílias linguísticas , é um conceito para determinar uma origem a diversos idiomas. No caso do português por exemplo, a origem é o Indo Europeu, que dá origem ao Latim e algumas outras línguas, que por sua vez dá origem ao português.

É muito rico saber da existência de tanta diversidade, pois retrata formas diferentes que os povos que estavam aqui encontraram para se comunicar e nomear o que viam ao seu redor. 

“A língua é o melhor retrato de um povo e é também seu mais poderoso instrumento de transformação. Sabe-se que, quando uma língua desaparece, extinguem-se universos.”

Daiara Tukano

Estes idiomas e famílias, quando comparados com  a exposição permanente sobre a língua portuguesa no andar de cima, onde é possível ver as famílias linguísticas que originaram as línguas dos colonizadores, tem diversidade maior. 

Gastamos cerca de 1 hora apenas para passar pela parte interativa da exposição onde é possível escutar um pouquinho de cada língua. Nesta seção, estão representadas formas diferentes de se conectar com o mundo, com a natureza e o sagrado, formas diferentes de representar, saberes, visões. 

No mapa, exposto no primeiro bloco da exposição, e que trazemos fotografia ao lado, é possível perceber um pouco dessa diversidade, investimos também algumas dezenas de minutos apenas olhando para este mapa e tentando imaginar que cada cor diferente dele representa uma maneira diferente de ver o mundo.

Durante a exposição, não é possível deixar de nos sensibilizar, para o fato que neste mapa, com essa diversidade toda, atualmente foi definida apenas duas línguas oficiais pelos governos da América Latina, o Português e o Espanhol, e que junto com elas, é incentivado apenas dois modos de pensar, gerando uma consequente perda de diversas formas de pensar e interagir com o mundo a partir da visão criada por quem sempre esteve aqui, como forma de ilustrar um pouco do que representa esta diversidade, e o que está em risco, deixamos um trecho do texto que acompanhava este mapa: 

“As línguas indígenas são também territórios; territórios de memória, de pensamento e de espiritualidade. Como árvores de uma grande floresta, formam comunidades, conectam mundos, espalham sementes e geram vida.”

Jera Guarani

 

A exposição, acontece de terça à domingo até o dia 23/04, com ingressos disponíveis a preços populares, e também pode ser visitada virtualmente  de forma gratuita pelo link: https://nheepora.mlp.org.br/.

Uma excelente oportunidade para ampliar seus saberes sobre os povos originários e repertório cultural.