O uso da Ayahuasca, está cada vez mais difundido e popular no mundo, no entanto, existem muitas linhas, e cada uma trabalha com seu jeito, de acordo com a sua tradição.
Relato feito por Vitório Tomaz
Abertura de cerimônia ao redor da fogueira – Foto por Lucas Derobertis
Faz alguns anos que tive a oportunidade de conhecer Ayahuasca em contexto cerimonial, por meio de um amigo, que teve experiências com o Santo Daime e a União do Vegetal (UDV). E minha primeira percepção, ao ser apresentado, era que se trata de um chá, tomado para despertar a consciência e ajudar a nos conectar com Deus, e que o chá por si só é o que importava. Tomei pela primeira vez em um espaço ecumênico, ministrado por brancos. Foi uma experiência muito boa, me senti em paz.
Após esta primeira experiência, fiquei alguns anos sem ter contato com as medicinas, voltando a ter contato com elas em 2019, quando tomei com nativos do povo Shawãndawa, e comecei a entender algumas diferenças sobre a forma como é servida a medicina e o que cada linha de estudo abre e trabalha.Foi totalmente diferente da primeira experiência, tudo pareceu mais vivo, mágico, encantador.
Meses depois, no dia 01 de fevereiro de 2020, tomei pela primeira vez a medicina com o nativo Bu´ú Kennedy, do povo Ye’pá mahsã da Amazônia, conhecidos na sociedade como Tukanos, e onde decidi a partir de então seguir meus estudos. Foi com ele, onde comecei a entender que a Ayahuasca é uma medicina diversa, que pode ser preparada e servida de muitas maneiras, o que muda completamente seu efeito, depende muito da pessoa que está conduzindo a cerimônia.
Aprendi com ele, a forma como é utilizada em sua linha esta e outras medicinas, a importância do preparo do corpo, o respeito que se deve ter com o sagrado envolvido em seus usos. E tudo isto, tem me ajudado ao longo deste tempo a melhorar a forma como sou no dia-a-dia como pessoa, melhorar meu desempenho no trabalho e a restaurar laços com amigos e familiares que tinham se rompido.
Hoje, acredito muito no poder da medicina, e não acredito que me caiba dizer a outras pessoas que tem vontade de conhecer ou mesmo precisam da medicina, que todas elas precisam seguir o caminho que segui para se conectar. Mas faria uma ressalva, sobre a forma como tem sido difundida.
Ayahuasca é uma medicina poderosa, e assim como qualquer medicamento, precisa ser tomada com a devida prescrição e acompanhamento. Tem medicamento, na medicina convencional, que pode ser tomado em casa. Tem outros, que só devem ser tomados no hospital, com acompanhamento. Assim é a Ayahuasca, na minha percepção, não é algo que deva ser comprado em um e-commerce qualquer, para fazer um uso aleatório, mesmo que em microdoses. É algo para se tomar na medida certa, com o devido respeito e cuidado. Feito isto, e com a boa vontade de melhorar o que se espera, os resultados virão.
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