“Demarcando Telas”, oficina idealizada por Bu’ú Kennedy, foi um projeto aprovado pela Lei Paulo Gustavo de audiovisual de Manaus e aconteceu na Ʉhtã Bo’ó Wi’í, há 20 minutos de transporte fluvial do município de São Gabriel da Cachoeira – AM em julho de 2024.

Durante 9 dias, a equipe e os professores trabalharam intensamente com 13 alunos de diversas etnias indígenas.

Com o objetivo de capacitar os alunos na área de audiovisual, ou seja, ensiná-los a registrar e difundir a realidade em que vivem, as oficinas não só fortaleceram a memória ancestral e os conhecimentos tradicionais, mas também criaram um espaço para debater questões contemporâneas. O projeto teve como objetivo contribuir para a formação de uma rede de jovens cineastas comprometidos com a valorização e preservação de suas culturas.

Durante 9 dias, a equipe e os professores trabalharam intensamente com 13 alunos de diversas etnias da região de São Gabriel da Cachoeira, como tukanos, baniwa, desano, baré, entre outras, aproveitando ao máximo o recesso escolar. Sob a orientação de dois professores especializados, os jovens foram introduzidos ao mundo do audiovisual, aprendendo a operar câmeras, gravadores de som e equipamentos de iluminação, além de explorarem diferentes formas de narrar suas histórias.

Eles tiveram uma estadia confortável no sítio, onde foram bem acolhidos, puderam relaxar e, ao mesmo tempo, se dedicaram às atividades práticas e teóricas. Uma das conquistas mais marcantes foi a produção de um curta-metragem sobre a lenda do Curupira, em que os alunos se dividiram em equipes e desempenharam papéis essenciais como direção de câmera, som e direção de arte, culminando em um trabalho coletivo.

O projeto também recebeu a visita do coordenador das escolas de São Gabriel da Cachoeira, que conheceu o espaço e incentivou os jovens em suas jornadas. Entre os principais resultados, destacam-se o fortalecimento da identidade cultural indígena, a capacitação dos jovens em técnicas audiovisuais, e a criação de um ambiente de diálogo e reflexão sobre suas realidades e culturas.

O sucesso do projeto é evidente pelas novas habilidades técnicas adquiridas pelos alunos e seus entusiasmos, como também na maneira como eles passaram a valorizar e refletir sobre suas próprias histórias e tradições. Assim, esperamos que este seja apenas o começo de um movimento que visa transformar esses jovens em protagonistas na preservação e difusão de suas culturas, utilizando o audiovisual como ferramenta poderosa de expressão e resistência.

Añu (gratidão)

Foto de Juliana Valbert: alunos dentro da Ʉhtã Bo’ó Wi’í aprendendo.